sábado, novembro 12, 2005

"A Actividade Física nas Escolas"

Actualmente, sendo a Educação entendida como desenvolvimento integral do indivíduo, não pode a Actividade Física deixar de integrar a diversidade de experiências, saberes e práticas que são significativas para a formação da personalidade do sujeito. Pois a actividade física é um meio a utilizar para exercitar nos nossos jovens, capacidades físicas e mentais, afinar nervos e temperamentos e formar caracteres. Pelo que, dever-se-á salvaguardar na educação, não apenas o fenómeno da escolarização, mas como o processo que garante o conhecimento e compreensão do mundo que nos rodeia garantindo ao sujeito o desenvolvimento das suas capacidades e da sua autonomia para agir.

Uma questão, que parece adquirir cada vez maior importância no presente e no futuro próximo, é a da cooperação e da coordenação de esforços entre Escolas e Clubes, visando oferecer a todas as crianças práticas desportivas num envolvimento educativo favorável à satisfação das suas necessidades e interesses. Ora isto constitui tarefa de monta, porquanto mais do que uma renovação da escola e do clube está em causa uma renovação de mentalidades e conceitos.

Isto porque um início de escola mal orientado pode matar o entusiasmo de uma criança, "abafar" a sua imaginação e criatividade e destruir o seu sentido de auto-estima. Muitas crianças e jovens perdem o gosto pela Escola devido a adultos que procurando sucesso e êxito imediatos esquecem que os pré-requisitos para os resultados a longo prazo são a imediata alegria, satisfação e prazer de participar, tanto nos estudos, como em actividades que lhes dêem prazer como a prática desportiva num Clube.

domingo, outubro 23, 2005

«SER PROFESSOR»

A profissão docente é certamente uma das que dispõe de maior autonomia no seu exercício.
Ela é tanto maior, quanto mais elevada for a formação científica e pedagógica.

No seu desempenho, o professor deve ser, acima de tudo, facilitador das aprendizagens, numa relação pedagógica aberta e fraterna, democrática e responsável.

Conviver com os alunos e trabalhar com eles é um privilégio que importa aprofundar, no quadro de uma Escola reflexiva, capaz de desenvolver capacidades e de as mobilizar, numa relação plural de saberes e de competências, onde cada jovem sinta que pode desenvolver o seu projecto de vida.

Ser professor, neste contexto, é dispor da oportunidade de intervir numa Escola que parta das expectativas dos jovens, para, a partir delas, dos seus saberes e das suas vivências, contribuir para a formação de cidadãos livres e democratas, solidários e intervenientes.

quinta-feira, outubro 13, 2005

«5 de Outubro - Dia Internacional do Professor»


Não sei o que combina mais contigo:
uma poesia, um livro, uma pintura.

Sinceramente fico a pensar no que
deve dar alegria a alguém que é
objecto da alegria de tantos.

Na verdade, o professor de verdade,
é aquele que prefere dividir o que possui,
do que ter somente para si.

O verdadeiro mestre, sente-se feliz
quando percebe que o caminho que
ele abriu tem sido trilhado por muitos.

O mestre tem a sua realização
no aprendizado do pupilo,
na passagem da experiência.

É por isso que meras palavras
não podem recompensar a alguém que
optou por esta carreira que
muitas vezes é dolorosa e cheia de espinhos.

Chamo-te somente mestre,
abnegado coração que se sensibiliza
com os olhos sedentos por uma vida menos escura,
mas cheia de luz.

E essa luz, está nas tuas mãos,
no teu coração, no teu olhar.

Que bom que existe um dia
reservado só para ti!

Obrigado pela tua obstinação incontida,
pois graças a ela,
tu nunca desistes.

Tu és muito importante!!!

domingo, setembro 25, 2005

"O Desporto, parte integrante da Educação"

"A importância da actividade física na educação dos jovens é reconhecida desde há muito.
O Desporto contribui para o desenvolvimento físico e harmonioso da criança, prepara-a fisiologicamente para o esforço, auxilia o seu equilíbrio físico e psíquico, participa na formação da sua vontade e do seu carácter, e favorece a sua adaptabilidade social.
A educação moderna deve, além disso, preparar a criança para os seus descansos, de jovem e adulto.
Para que o homem pratique sempre desporto, deve adquirir este hábito e gosto desde a infância."

"Manifesto sobre o Desporto", in Cultura e Desporto, nº1, DGD, Lisboa

quinta-feira, setembro 15, 2005

"Uma Escola que Aprende!"

- É a capacidade da escola para se ver a si mesma em relação com a comunidade e o mundo em que está inserida.
- É a capacidade dos professores trabalharem conjuntamente na procura de uma finalidade compartilhada. A escola compreende que o conjunto de professores é algo mais que a soma de cada uma das partes. A melhoria da escola está ligada à aprendizagem realizada pelo corpo docente.
- É uma Escola que tem interesse em que os alunos e os professores sintam, se expressem, sejam eles mesmos e se respeitam uns aos outros.
- É a habilidade para compreender que cada um é distinto, que tem as suas motivações e expectativas diferentes de qualquer outro. Este tipo de inteligência é fundamental para a aprendizagem porque sustenta o pacto entre os membros da comunidade.
- É a capacidade de valorizar a vida pessoal de cada indivíduo e a do conjunto que todos formam, compondo uma comunidade de interesses.
- É a Escola que se preocupa com os critérios de justiça e equidade e não apenas com os resultados académicos dos alunos.


Era tão bom que todas as escolas quisessem aprender…

domingo, setembro 11, 2005

“Desporto” - Um meio de Combate à Indisciplina

"Será que a actividade física não é cada vez mais,
um meio para se chegar a um fim?"

Apenas um exemplo ...

A história que vou relatar julgo ser um real exemplo daquilo que a actividade física, quer seja Desporto, quer seja Educação Física, poderá contribuir para uma melhor educação/formação dos nossos jovens, mesmo quando inseridos em meios sociais menos propícios para um desenvolvimento multilateral, saudável e positivo.

Na minha experiência como professora de Educação Física, durante um ano lectivo, passei por uma Escola que me marcou de várias formas. Esta era considerada uma das escolas mais problemáticas em termos de indisciplina e agressividade detectadas no comportamento dos seus alunos.

E ali estava eu, uma principiante num grupo de E.F. muito heterogéneo ao qual pertenciam dois jovens colegas também inexperientes, pois estavam a leccionar pela primeira vez após o estágio; um outro colega já bastante experiente e já muito "cansado" para se preocupar com as questões que a escola enfrentava; e por fim, uma colega (delegada de grupo), esta também já com uma larga experiência, mas com uma força inquestionável para lutar contra as adversidades que a escola e o meio envolvente apresentavam.

Ao falar em adversidades estou a referir-me a situações como: - alunos que faltavam constantemente às aulas mas que, na hora da refeição, eram os primeiros da fila para a cantina e muitas vezes pediam para repetir, pois era a única refeição decente que tinham durante todo o dia; - alunos que tinham um horário para poderem tomar banho no pavilhão polidesportivo para além dos dias em que tinham E.F., para assim poderem usufruir de um mínimo de higiene diária; - alunos que faltavam, os quais encontrava frequentemente a arrumar carros e que me respondiam que assim ganhavam algum dinheiro para casa, coisa que a escola não lhes podia dar. Tudo isto, já para não falar nos actos de indisciplina e agressividade que estes tinham para com os professores, funcionários e para com os próprios colegas.

Quanto às aulas de E.F., a atitude destes jovens era, em geral, bastante diferente. Claro que por vezes havia muita agressividade, principalmente em jogos onde predominasse o contacto físico, o que era natural perante a formação que estes tinham. Só que, apesar de tudo, era a estas aulas que eles evitavam faltar e nas quais participavam com gosto, senão, qual a razão para um aluno me aparecer com o pijama a perguntar se poderia fazer a aula assim, pois o fato de treino ter-se-ia rompido e ele não tinha outro?

Eram estes jovens que estavam sempre prontos a participar em qualquer prova desportiva (corta-matos, etc...), na qual davam sempre o seu melhor não obstante o resultado, mas quando ganhavam sentiam um enorme prazer, porque afinal "também" conseguiam fazer algo de positivo e que lhes era reconhecido.

Por outro lado, sentiam-se injustiçados, pois se era a disciplina que mais gostavam, que mais se esforçavam e eram os professores de E.F. alguns dos quais eles conseguiam manter uma boa relação sócio-afectiva, quando pediam para a Escola organizar um “Torneio de Futebol Inter-Turmas, era-lhes negado pelo facto de serem muito indisciplinados e agressivos em especial nas outras disciplinas.

Perante esta situação, com a insistência de um pequeno grupo de alunos dos 8º e 9º anos (já mais responsáveis) e pela "batuta" da delegada do grupo de E.F., este decidiu avançar com um projecto onde o objectivo seria utilizar o “Torneio de Futebol Inter-Turmas” como um meio de formação destes jovens.

Assim, foi proposto ao então Conselho Directivo da escola, que se realizasse o “Torneio de Futebol Inter-Turmas desde que este fosse organizado por aquele grupo de alunos já mais responsáveis sob a nossa orientação e ajuda, e, em contrapartida, todos os alunos só poderiam participar nos jogos se não tivessem tido nenhuma falta disciplinar na semana antecedente ao jogo e que todo o Torneio deveria ser bastante rigoroso quanto ao aspecto disciplinar dentro de campo.

Prevendo também a integração daqueles que não gostam ou não teriam lugar na equipa, foi promovido um concurso de claques, onde os restantes membros da turma deveriam participar, mas claro, sem carácter obrigatório.

Deu-se então início a uma verdadeira revolução naquela escola, com a motivação do Torneio, os alunos mais "problemáticos" começaram a comportar-se de melhor forma e, quando estes extrapolavam, eram os próprios colegas que os recriminavam, pois geralmente estes são os melhores jogadores das turmas.

Assim, devido ao especial empenho da delegada do grupo de E.F. e dos alunos organizadores, lá se foi realizando o torneio, o qual todo da responsabilidade dos alunos mas, tendo sempre um dos professores de E.F. como observador em cada jogo.

Resumindo, o torneio foi um sucesso em várias vertentes, pois o número de problemas disciplinares diminuiu e, como consequência, o nível de atenção dos alunos nas aulas melhorou bastante, tendo estes mais hipóteses de melhorar o seu aproveitamento escolar.

Mas, o que mais me tocou, foi ver que no dia da final do Torneio, a Escola parou. Todos estavam presentes para assistir aquela festa, foi gratificante assistir à criatividade por eles apresentada no desfile das claques, e ao "orgulho" daqueles que venceram o torneio ao receberem as medalhas das mãos da presidente do Conselho Directivo mas, mais importante ainda, foi quando estes pediram para falar ao microfone e quiseram agradecer a oportunidade que lhes tinha sido dada, a qual eles tinham concretizado com êxito, e agradecer em especial ao grupo de E.F. e especificamente a uma professora (a delegada do grupo de E.F.), a qual foram buscar em ombros para o meio do campo e lhe agradeceram com todo o carinho e entusiasmo possíveis nesta situação.

E foi assim, com lágrimas nos olhos, que, apesar de todas as dificuldades encontradas, ao ver o entusiasmo e empenho destes jovens e com a dedicação e exemplo daquela colega, que tive a certeza que queria ser Professora de Educação Física e que poderia contribuir quer através da E.F., quer através do Desporto para que o mundo das nossas crianças e jovens, amanhã seja um pouco melhor...


Para ti Amélia, o maior dos Beijos!
Obrigado por tudo o que me ensinaste…

terça-feira, agosto 30, 2005

Mais um Ano Lectivo (2005/06) se inicia...

É preciso aprender a escrever,
Mas também a viver,
Mas também a sonhar.
É preciso aprender a crescer,
Aprender a estudar.

Ary dos Santos

quinta-feira, agosto 18, 2005

«Às vezes, é bom ser Professor»

Às vezes, é bom ser professor.
Quando uma lágrima se suspende e um sorriso se entreabre no rosto de um aluno. Quando uma palavra se escreve a dizer obrigado, gostei muito da aula de hoje. Quando se sente a azáfama do trabalho, a participação activa. Ou mesmo o silêncio empenhado.

Às vezes, é bom ser professor.
Quando no supermercado encontramos um aluno de há muitos anos e logo surge um cumprimento efusivo, então professor, há quanto tempo… que é feito de si? Ou quando outro aluno nos mostra, com um largo sorriso, um livro antigo oferecido com uma dedicatória à sua irmã, que agora é médica. Ou mesmo quando o José Alberto Carvalho dedica o Globo de Ouro à sua professora primária que o ensinou a distinguir o essencial do acessório.

Sim, é bom ser professor.
Sentir o calor humano, ensinar a descobrir o mistério das coisas e da vida. Ver a disponibilidade e a generosidade. E mesmo quando o esforço é grande e o resultado é pequeno, mesmo quando a voz enrouquece e o peso da sombra teima na ameaça, é (quase) sempre bom ser professor.

Não há profissão tão entusiasmante e tão exigente como a do professor.
Esta é a nossa principal glória. A marca radical de um ofício que muitas vezes se constitui como a hora de deslumbramento.


(“José Matias Alves” – In Correio da Educação – ASA)